Conhecimento de Grupo

Normalmente atribuímos o conhecimento a grupos. Por exemplo, dizemos que "as Nações Unidas sabem que o coronavírus está a aumentar as desigualdades globais;" "a Organização Mundial da Saúde sabe que as vacinas contra o coronavírus têm uma elevada probabilidade de sucesso"; "o júri sabe que o acusado é inocente". Como deveremos compreendemos estas atribuições de conhecimento de grupo? O conhecimento de grupo é sempre redutível ao conhecimento dos membros do grupo ou não? Para responder a estas questões escrevi o artigo "A Knowledge-First Account of Group Knowledge" agora publicado em Logos & Episteme: an International Journal of Epistemology. O meu objectivo nesse artigo é relacionar dois tópicos influentes na epistemologia contemporânea: a discussão do conhecimento de grupo e a discussão da abordagem do conhecimento-primeiro. Na epistemologia social ainda ninguém aplicou e desenvolveu seriamente a teoria de Williamson do conhecimento-primeiro para o caso do conhecimento de grupo. Por exemplo, os estudiosos do conhecimento de grupo assumem normalmente que o conhecimento é analisado em termos de conceitos mais básicos, tais como crença ou aceitação de grupo, justificação de grupo, e assim por diante. No entanto, se a teoria do conhecimento de Williamson estiver correcta, estas não são boas análises para a compreensão do conhecimento de grupo. Pois, neste enquadramento teórico, o conhecimento não é analisado em termos de crença e justificação, e o mesmo se deve aplicar ao conhecimento de grupo. Assim, propomos analisar que consequências tem a teoria de Williamson para a epistemologia social, nomeadamente para uma compreensão do conhecimento de grupo. As questões que irão orientar este artigo são as seguintes: Como devemos entender uma abordagem do conhecimento-primeiro aplicada ao conhecimento de grupo? E o que nos ensina essa abordagem do conhecimento-primeiro em relação a uma das questões mais prementes da epistemologia social, nomeadamente a disputa entre as teorias sumativistas e não-sumativistas de grupos? Sustentamos que pode ser desenvolvida uma teoria do conhecimento-primeiro aplicada ao conhecimento de grupo e que essa abordagem favorece o não-sumativismo. Pode ler este artigo aqui.